Relatamos a seguir um pouco da história da aparição de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil.
Com a vinda do
novo governador de São Paulo e Minas Gerais, o Conde de Assumar, coube à Câmara
de Guaratinguetá dar-lhe hospedagem e recepcioná-lo com um banquete que incluía
no cardápio peixes da região.
Apesar das
dificuldades, três pescadores encarregaram-se da tarefa. Eram eles: Domingos
Garcia, João Alves e Felipe Pedroso, que percorreram todo o rio Paraíba
em busca de peixes. Desanimados com o insucesso, mas temendo também as
represálias das autoridades, pela última vez lançaram a rede junto ao porto de
Itaguaçu. Aconteceu, então, um fato inesperado: em vez de peixe, veio dentro da
rede o corpo de uma estatueta. Curiosos, lançaram novamente a rede, que desta
vez lhes trouxe a cabeça.
Ao encontrarem
na rede o corpo da imagem e, a seguir, a cabeça que encaixava tão bem, os três
pescadores foram tomados de grande respeito e veneração. Eles sentiram a
mística da imagem da Imaculada Conceição, moldada há tempos, conforme uma
crença popular, pelo monge beneditino Frei Agostinho de Jesus. Poderiam
devolvê-la ao rio, contudo, descobriram naquelas mãos postas, naquele olhar
compassivo, naquela pequenez, toda a grandeza e a bondade da Mãe de Deus que
vinha até eles. E, num ato de fervorosa confiança, rezaram juntos: “Ó minha
Nossa Senhora Aparecida, valei-me na vida e na hora da morte”.
Os primeiros
devotos da Virgem Aparecida foram os três pescadores, Domingos Garcia, João
Alves e Felipe Pedroso. Com grande respeito e veneração, levaram a imagem para
casa, guardando-a sempre em lugar seguro. A devoção começou singelamente com a
reza do terço seguida da Ladainha, todos os sábados, aliás, conforme costume
antigo dos devotos da Virgem Santíssima. A novidade era a estranha imagem
venerada, o crescente afluxo de fiéis e os numerosos milagres ocorridos. A
reza, realizada na casa dos pescadores, mais tarde passou a ser feita num
oratório construído no porto de Itaguaçu, local de passagem de muitos viajantes
de Minas Gerais e São Paulo. Assim, a devoção foi se espalhando, os romeiros
aumentando e as capelas em honra de Nossa Senhora Aparecida foram surgindo em
lugares mais distantes.
O
milagre das velas
Como em todas as
noites de sábado, o grupo de devotos estava reunido para a reza do terço,
diante de Nossa Senhora Aparecida, na casa de Atanásio, filho de Felipe
Pedroso. Antes de entrar, tiveram uma breve discussão sobre a imagem ser ou não
da Virgem Maria.
A noite estava
serena e sem aragem. Iniciado o terço, com a participação fervorosa dos
presentes, em dado momento as velas começaram a se apagar, deixando todos na
escuridão. Dona Silvana, que presidia a oração, pediu calma e levantou-se para
acender novamente as velas. Deu alguns passos e eis que as velas se acenderam
sozinhas. O espanto foi geral e os que ainda não acreditavam plenamente
começaram a pedir perdão a Senhora Aparecida.
É
atribuída a Nossa Senhora Aparecida a libertação de um escravo negro, na década
de 1790, quando na região aumentaram os engenhos de cana-de-açúcar.
O escravo, que
alguns deram o nome de Zacarias, não aguentando mais os maus-tratos, tentou com
a fuga conseguir a liberdade. Perseguido pelos capitães-do-mato e por
cachorros, escondeu-se numa gruta, porém, foi encontrado e acorrentado. Quando
passava pela capela de Senhora Aparecida, em altos brados, pediu que ela
tivesse pena dele. Nesse instante, as correntes que prendiam seus braços se
partiram e caíram no chão, deixando-o livre. As numerosas pessoas que seguiam o
cortejo, tomadas de espanto, gritaram espontaneamente: Milagre! Milagre!
Milagre!
As correntes
desse escravo, atesta o povo, encontram-se ainda hoje entre os ex-votos na sala
dos milagres da basílica de Aparecida.
“As
romarias”
Desde os
primeiros tempos em que a devoção a Nossa Senhora Aparecida se espalhou,
começaram as romarias ou peregrinações ao seu altar. A primeira grande romaria
aconteceu no dia 8 de setembro de 1900, quando chegaram 1.200 peregrinos da
cidade de São Paulo. Dessa época até os dias atuais, tem aumentado o número de
devotos que visitam, em caravanas, a casa da Mãe Aparecida, especialmente em
datas importantes. A Virgem Aparecida é também peregrina porque sua imagem é
levada em romaria aos vários estados do Brasil. A primeira vez foi em 1931, ao
Rio de Janeiro; a segunda, a São Paulo, em 1942, e não parou mais.
“Promessas”
É comovente ver
um devoto ou devota subindo de joelhos a ladeira do Santuário até o altar da
Senhora Aparecida. Esse é um tipo comum de promessa, mas existem muitos outros,
como acender velas, vestir-se igualmente a algum santo, fazer a peregrinação,
confessar-se e comungar, reconciliar-se com alguém, levar o caminhão carregado
de pobres para Aparecida do Norte, como fez uma vez um caminhoneiro. Em razão
dessa fé, a sala dos milagres da basílica está cheia de ex-votos, objetos que
simbolizam a promessa feita e a graça alcançada.
“A
nova Basílica e a passarela”
A primeira
basílica construída no outeiro se tornara pequena. A Mãe precisava de uma casa
maior para acolher todos os seus filhos. Então se ergueu a grande basílica que
pode acolher de 45 mil a 70 mil pessoas. O papa João Paulo II a consagrou em
julho de 1980, quando visitou Aparecida. Antes ainda, já havia sido inaugurada
uma passarela de concreto armado que une as duas basílicas, sendo chamada desde
o primeiro dia de “Passarela da fé”.
“Mensagem”
Ao som do
afinado carrilhão de seis sinos da antiga basílica de Nossa Senhora Aparecida,
ouçamos a mensagem de Maria a todos nós: “Fazei tudo o que Ele (Jesus) vos
disser!” (Jo 2,5). É a Mãe fazendo-nos ouvir o maior mandamento de seu Filho: “Amai-vos
uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15,12).
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