quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013


“Esse tempo de santo jejum a porta do céu nos abriu;
acolhamos o dom do Senhor em contínua oração”.



Queridos amigos, o tempo litúrgico da Quaresma é um momento forte da vida da Igreja. Por suas origens de caminho de preparação para a Páscoa e sua marca batismal, que encerra uma série de valores espirituais celebrativos, mas também de propostas espirituais que têm uma estreita relação com o modo de conceber a dinâmica da vocação cristã no seu itinerário para a perfeição.
Origem e desenvolvimento: Desde o final do século II existe na Igreja um período de preparação para a Páscoa, medido por alguns dias de jejum, já segundo o testemunho de Eusébio de Cesareia a propósito da controvérsia sobre a data da Páscoa. Ireneu teria escrito assim ao papa Vítor: “A controvérsia não é apenas sobre o dia, mas sobre a forma mesma do jejum. Alguns creem que devem jejuar apenas um dia; outros, dois; outros, ainda atribuem a seu dia [jejum?] o espaço de quarenta horas diurnas e noturnas. Essa variedade na observância do jejum não nasceu em nossos dias, mas remonta a épocas bem distantes...” (Hist. Ecl. 5,24,12)
Esse jejum inicial apresenta uma primeira estrutura de uma semana de preparação, especialmente em Roma, e que se tornou depois três semanas, nas quais se lê o Evangelho de João, para se tornar finalmente quarenta dias de jejum, inspirados nos quarenta dias que Jesus passou no deserto.
Esse jejum de quarenta dias ia da sexta semana antes da Páscoa até a quinta-feira antes da Páscoa. Mas como havia no meio, seis domingos nos quais não se jejuava e porque queria completar o número simbólico dos quarenta dias, ampliou-se o tempo, antecipando o início para a quarta-feira anterior à sexta semana antes da Páscoa e se contaram os dois dias de sexta e sábado antes da Páscoa, que eram na realidade dias de um jejum todo especial, quase total, como parece indicar Hipólito na Traditio Apostolica.
Nesse empenho quaresmal que se torna como um sinal sagrado, um sacramento do tempo, o “quadragesimale sacramentum”, como ainda hoje se exprime a coleta do primeiro domingo da Quaresma, está envolvida toda a Igreja, aqueles que se preparam para o batismo, os penitentes que se reconciliarão por ocasião da Páscoa.
A comunidade cristã é chamada a esse exercício de preparação que tem em primeiro lugar um caráter de renovação espiritual no qual é preciso insistir especialmente no clássico trinômio: oração, esmola (caridade), jejum como atestam os Padres em suas homilias.
Para a Igreja, a Quaresma é o memorial de Cristo e é também um tempo propício para participar do seu mistério de caminho para a Páscoa.  
É tempo para viver a conversão, mas sabendo que essa “metanoia” é sempre em confronto com Cristo.
Como dizia São Leão Magno, Papa, “aquilo que cada cristão deve praticar em todo o tempo, deve praticá-lo agora com maior zelo e piedade, para cumprir a prescrição, que remonta aos apóstolos, de jejuar quarenta dias, não somente reduzindo os alimentos, mas sobretudo abstendo-se do pecado”.
Isso queridos amigos, a Serva de Deus Maria Imaculada sempre insistiu com suas filhas para que guardassem com esmero esse tempo favorável, esse dia de salvação; “recomendou-nos que oferecêssemos o jejum -  que hoje se inicia -, com o máximo amor, para pedirmos a Deus, com o enfraquecimento de nosso corpo, o vigor de nossa alma, e o aumento da prática de todas as virtudes”.
Queremos propor, queridos amigos, que busquem nesse período trabalhar na virtude que mais está precisando. Paciência? Perdão? Compreensão? Desapego? Disponibilidade? Generosidade?
Que o Bom Deus nos ajude, pela intercessão da Santíssima Virgem, para que possamos verdadeiramente vivenciar a Páscoa, a saída do estado de pecado para o estado de graça. Amém.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisar este blog