quinta-feira, 27 de março de 2014


 Queridos irmãos e irmãs,

Em sua mensagem para a quaresma de 2014, o Papa Francisco convida-nos a viver a pobreza como canal de abertura para a ação de Deus em nossa vida, e como fraternidade, na partilha, tendo como modelo “Cristo, o Filho eterno de Deus que, igual ao Pai em poder e glória, fez-Se pobre; desceu ao nosso meio, aproximou-Se de cada um de nós; despojou-Se, ‘esvaziou-Se’, para Se tornar em tudo semelhante a nós” (cf. Fil 2, 7; Heb 4, 15). Tudo isto não como uma imposição moral, mas por amor, pois “o amor é partilhar, em tudo, a sorte do amado. O amor torna semelhante, cria igualdade, abate os muros e as distâncias. Foi o que Deus fez conosco.”[1]
Não é ao acaso ou de forma inconsequente  que Mãezinha sempre assinava suas cartas com: “sua pobre serva, Ir. Maria Imaculada da Ssma. Trindade.” Era assim que ela se definia: pobre serva. Pobre, porque sabia que em tudo dependia de Deus, e Dele esperava tudo; nada tinha para si, e sabia que todo o bem que realizava vinha de Deus. A auto-suficiência não existia em seu dicionário existencial. Serva, porque, à semelhança de Jesus e Maria, estava sempre disposta a servir, e via a sua consagração a Deus e a missão de fundadora e priora como serviço.
            A Quaresma é tempo de olhar para nossa vida e diagnosticar como vai nossa saúde espiritual: como estamos no processo de conformidade com Cristo? E o ponto-chave deste exame nos foi dado pelo Papa Francisco: a pobreza. Não como miséria, como ele bem explica: “Foi dito que a única verdadeira tristeza é não ser santos (Léon Bloy); poder-se-ia dizer também que só há uma verdadeira miséria: é não viver como filhos de Deus e irmãos de Cristo.” Temos de nos livrar desta miséria. E cultivar a bem-aventurança da pobreza: “a riqueza de Deus não pode passar através da nossa riqueza, mas sempre e apenas através da nossa pobreza, pessoal e comunitária, animada pelo Espírito de Cristo. E poderemos fazê-lo na medida em que estivermos configurados com Cristo, que Se fez pobre e nos enriqueceu com a sua pobreza. [...]
A Quaresma é um tempo propício para o despojamento; e far-nos-á bem questionar-nos acerca do que nos podemos privar a fim de ajudar e enriquecer a outros com a nossa pobreza. Não esqueçamos que a verdadeira pobreza dói: não seria válido um despojamento sem esta dimensão penitencial. Desconfio da esmola que não custa nem dói.”[2]
Nesta caminhada pascal do egoísmo para a partilha, da auto-suficiência para a confiança e o recurso a Deus, da morte da auto-referência contínua para a abertura à beleza e à necessidade de quem está ao nosso lado, que Mãezinha nos ajude, para que, com Cristo e em Cristo, possamos viver uma vida nova!





[1] Papa Francisco. Mensagem para a quaresma de 2014.
[2] Idem.

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