Queridos irmãos e irmãs,
Em sua mensagem para a quaresma de
2014, o Papa Francisco convida-nos a viver a pobreza como canal de abertura
para a ação de Deus em nossa vida, e como fraternidade, na partilha, tendo como
modelo “Cristo, o Filho eterno de Deus que, igual ao Pai em poder e glória,
fez-Se pobre; desceu ao nosso meio, aproximou-Se de cada um de
nós; despojou-Se, ‘esvaziou-Se’, para Se tornar em tudo semelhante a nós”
(cf. Fil 2, 7; Heb 4, 15). Tudo isto não como
uma imposição moral, mas por amor, pois “o amor é partilhar, em tudo, a sorte
do amado. O amor torna semelhante, cria igualdade, abate os muros e as
distâncias. Foi o que Deus fez conosco.”[1]
Não é ao
acaso ou de forma inconsequente que
Mãezinha sempre assinava suas cartas com: “sua pobre serva, Ir. Maria Imaculada
da Ssma. Trindade.” Era assim que ela se definia: pobre serva. Pobre, porque
sabia que em tudo dependia de Deus, e Dele esperava tudo; nada tinha para si, e
sabia que todo o bem que realizava vinha de Deus. A auto-suficiência não
existia em seu dicionário existencial. Serva, porque, à semelhança de Jesus e
Maria, estava sempre disposta a servir, e via a sua consagração a Deus e a
missão de fundadora e priora como serviço.
A Quaresma é
tempo de olhar para nossa vida e diagnosticar como vai nossa saúde espiritual:
como estamos no processo de conformidade com Cristo? E o ponto-chave deste
exame nos foi dado pelo Papa Francisco: a pobreza. Não como miséria, como ele
bem explica: “Foi dito que a única verdadeira tristeza é não ser santos (Léon
Bloy); poder-se-ia dizer também que só há uma verdadeira miséria: é não viver
como filhos de Deus e irmãos de Cristo.” Temos de nos livrar desta miséria. E
cultivar a bem-aventurança da pobreza: “a riqueza de Deus não pode passar
através da nossa riqueza, mas sempre e apenas através da nossa pobreza, pessoal
e comunitária, animada pelo Espírito de Cristo. E poderemos fazê-lo
na medida em que estivermos configurados com Cristo, que Se fez pobre e
nos enriqueceu com a sua pobreza. [...]
A Quaresma é um tempo propício para o
despojamento; e far-nos-á bem questionar-nos acerca do que nos podemos privar a
fim de ajudar e enriquecer a outros com a nossa pobreza. Não esqueçamos que a
verdadeira pobreza dói: não seria válido um despojamento sem esta dimensão
penitencial. Desconfio da esmola que não custa nem dói.”[2]
Nesta caminhada pascal do egoísmo
para a partilha, da auto-suficiência para a confiança e o recurso a Deus, da
morte da auto-referência contínua para a abertura à beleza e à necessidade de
quem está ao nosso lado, que Mãezinha nos ajude, para que, com Cristo e em
Cristo, possamos viver uma vida nova!
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